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sexta-feira, 30 de abril de 2010

Será que se arrependeu mesmo? Hummm...


“Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgais, sereis julgados; e com a medida com que medis vos medirão a vós”. – Mateus 7:1-2

Para escrever o que sinto neste momento não vou procurar falar os nomes exatos das pessoas nem ser minucioso nas descrições dos fatos. Primeiro por estar sem paciência, segundo para não tornar o assunto enfadonho. Mesmo por que meu objetivo não é fazer julgamento das pessoas envolvidas, apresentando meu veredicto, mas de analisar o conceito de arrependimento e perdão.

Dois fatos me chamaram a atenção para escrever sobre isso: O do pastor (missionário, sei lá) que por anos mentiu sobre sua cura milagrosa (creio eu que de leucemia) e vários anos depois veio a público pedir perdão pelas centenas de milhares de pessoas que foram enganadas por seu falso testemunho.

Outro fato, mais complexo, é sobre um documentário que assisti ontem de um padre homossexual envolvido em pedofilia com os coroinhas da comunidade que ele liderava. Pelo pouco que entendi (estava com muito sono) o religioso foi descoberto e (não sei se antes ou depois) se arrependeu, colaborando com as investigações da CPI da pedofilia naquele sistema de delação premiada, onde poderia ter sua pena reduzida após condenado.

Ambos os casos são deprimentes. Milhares de vidas enganadas pelo pastor, levando muita gente a abandonar tratamento; dezenas, centenas (quem sabe milhares?) de jovens com traumas emocionais que os acompanharão por muito tempo caso não sejam tratados e, mesmo com tratamento e acompanhamento adequado, poderão gerar dentro de si monstros de perversidade imensuráveis, como com o dito padre que fora violentado com doze anos de idade, transviando sua opção sexual e alimentando sua conduta errada até ser descoberto.

O que ambos tem em comum?

Ambos vieram a público pedindo perdão de seus atos. Pediram perdão a Deus e aos homens por todo rastro de destruição deixado. Não questiono se o arrependimento foi sincero ou não, mas sou levado a crer que sim, pois desde então toda a sociedade caiu em cima, todo o alto clero religioso (digo no meio católico e principalmente evangélico) os fustigam com varas e açoites, utilizando-os como bode expiatório para alimentar as fogueiras da santa inquisição, novamente acesa e a todo vapor, consumindo, destruindo, oprimindo e amedrontando qualquer um que siga o caminho errado.

Minha inquietação é que, mesmo que o pedido de perdão tenha sido tardio, gerado por terem sido descobertos ou não, movidos por genuíno arrependimento ou não (somente Deus e eles sabem), vieram a público e se colocaram nús como vieram para serem expostos ao escárnio de todos.

O que tenho visto é que o meio cristão tem sido duro como os piores dos algozes, mesmo tendo ouvido o Mestre incentivar apenas aqueles que não tivessem nenhum pecado que atirassem a primeira pedra. A montanha formada sobre eles continua crescendo...

Entendam (se quiserem) que não estou colocando a mão no fogo por eles. Não estou falando que eles não erraram feio. Apenas tenho temor e tremor perante Deus, sua misericórdia e juízo. Não estou falando que eles estão certos. Estou falando que tomaram as atitudes certas pedindo perdão e (aparentemente) aguentando as consequências da justiça dos homens. Não interessa se tardiamente, talvez pelo peso das cobranças, da condenação eminente.

E mesmo que seja! Pelo que conheço da Palavra de Deus, só não haveria tempo suficiente para arrependimento se tivessem mortos! Pediram perdão, se esporam, se humilharam, perderam a credibilidade e a confiança de todos!

Mas não, somos super santos e apenas aceitamos pedido de perdão para determinados tipos de pecado! Pedofilia é pecadão. Mentirinha não é nada demais, mas nunca tive relação sexual com uma criança! Então eu vou pro céu, mas eles vão pro inferno. Nunca matei, mas eles mataram. Tá certo que já vi gente passando fome e neguei a eles pagar um simples pão com manteiga. Despedi o faminto com um vai com Deus, sem saber se este conseguiu comer algo antes de morrer. Mas eu não sou um assassino. Assassino é aquele que mata matado por ação, não por omissão, né?

Nunca roubei mas eles roubaram. Tá certo que já fiz algumas pequenas falcatruas, menti no dízimo, tal. Mas nunca meti uma arma na cabeça de alguém e levei o pagamento suado de um cidadão!

Não, não. Somos santos né? Separados, imaculados. Falo como “nós” mas me “incluo fora dessa”, sem um pingo de dúvida quanto a minha posição perante este assunto.

Sou pecador, dependo 100% da Graça e misericórdia do Senhor. Se Hittler tivesse pedido perdão antes de morrer (se matou né...), se Judas tivesse pedido perdão ao Mestre antes de morrer (se matou também...), será que vocês teriam prazer em encontrá-los caminhando ao seu lado pelas ruas de ouro? Dariam a paz do senhor pro irmão “pecador de pecadão” da mesma forma que para seu irmãozinho “pecador de pecadinho”?

E aquele cara lá que morreu na cruz ao lado de Jesus, convicto pelas palavras do Mestre que naquele dia mesmo estaria com Ele no Paraíso? E ai meu irmão?

Para mim, ver o pior dos pecadores perdoado somente glorifica no Nome daquele que pagou o alto preço que não seríamos capazes de pagar com nosso próprio sangue.

Alerto: Tome cuidado. Jesus vai usar a mesma ferramenta que você usa aqui na terra para te avaliar quando chegar sua hora.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

O mundo ficou muito estranho

ARAGORN, filho de Arathorn, chamado de Elessar, a Pedra Élfica, Dúnadan, o herdeiro de Isildur, filho de Elendil de Gondor

ÉOMER, filho de Éomund, Terceiro Marechal da Terra dos Cavaleiros.


- Posso jurar que nenhum orc escapou depois que os vimos – disse Éomer – Atingimos a fronteira antes deles, e depois disso, se qualquer ser vivo burlou nosso cerco, não era um orc e tinha algum poder élfico.

- Nossos amigos estavam vestidos exatamente como nós – disse Aragorn -; e vocês passaram sem nos ver em plena luz do dia.

- Tinha me esquecido disso – disse Éomer. – É difícil ter certeza de qualquer coisa em meio a tantos prodígios. O mundo ficou muito estranho. Elfo e anão andam juntos em nossos campos; pessoas conversam com a Senhora da Floresta e continuam vivas, e retorna à batalha a Espada que foi quebrada nas eras antigas anteriores à época em que os pais de nossos pais chegaram à Terra dos Cavaleiros! Como pode um homem julgar o que fazer em tempos assim?

- Como sempre julgou – disse Aragorn. – O bem e o mal não mudaram desde o ano passado; nem são uma coisa para elfos e anões e outra para homens. É papel de um homem discerni-los, tanto na Floresta Dourada como em sua própria casa.


(Trecho do diálogo entre Éomer e Aragorn em O Senhor dos Anéis: As Duas Torres – pag. 31 – J.R.R. Tolkien, Editora Martins Fontes)

terça-feira, 27 de abril de 2010

Meu irmão macumbeiro


Eu tenho um amigo pai de santo. Além de pai de santo ele é homossexual. Quando ele chega aqui no escritório ele vem até minha mesa e fala: “oiiiiii gaaatoooooo, tudo bem com vocêeeeeeee?”

Um cara super sangue bom, não se intromete com ninguém, vive na dele. Vez ou outra ele vem até minha mesa e pede pra eu baixar filmes, músicas. Algumas vezes ele me pediu para eu baixar pontos de umbanda. Eu olho pra cara dele e falo: “Pô cara, baixar macumba aqui? Então senta na minha máquina e procura quem você quer, pois eu não manjo não...”

Outra vez ele veio e pediu: “Gaaaatoooo, você pode procurar no Google umas pinturas de todos os orixás para mim? Vou fazer uns quadros bem legais pra colocar no meu terreiro!” Respondi dando risada: “Sacanagem cara, você só me ferra! Sabe que eu sou cristão e vem pedir pra eu baixar seus santos aqui!” Demos risada, ele passou a lista dos nomes, eu baixei as imagens, imprimi e dei a ele, sem nenhuma dúvida de estar fazendo errado com ele.

Algumas vezes eu o encontro meio amuado. Quando eu pergunto o que ele tem ele fala que está menstruado, com cólica. Outro dia eu perguntei a ele: “Cara, você acha mesmo que você é uma menina?” Ele respondeu rindo que sim. Eu rebati dizendo: “Putz cara, que mal gosto o seu, gostar de homem. Faz isso não!”

Falamos muito sobre cristianismo e a Bíblia também. Quando estava passando a mini-série Ester na Record ele veio conversar comigo. Falamos muito sobre o livro de Ester. Quando disse a ele que já tinha lido este livro várias vezes ele passou a me perguntar direto o que ia acontecer depois disso, depois daquilo.

Eu não respondia. Falava pra ele continuar assistindo se quisesse saber, ou então que lesse a Bíblia. Ele disse que não tinha nenhuma Bíblia. Duas semanas atrás eu comprei uma pra ele. Fiz uma dedicatória. Ele ficou muito feliz com sua primeira Bíblia.

Tempos atrás gravei o filme "O Quarto Sábio" e dei uma cópia pro menino. Ele disse que já assistiu várias vezes e adora o filme.

Hoje ele estava muito triste. Disse que a mãe dele tinha passado mal, pois um obreiro da Universal havia jogado um monte de sal grosso na porta da casa dele, onde fica seu terreiro. Eu fiquei indignado. Disse pra ele que não seria daquele jeito que ele um dia iria ter uma relação pessoal com Jesus Cristo e que aquela não era a maneira que um cristão deveria se portar.

Ele falou de outros abusos que este e outros obreiros haviam feito contra ele, contra seu terreiro e contra sua família. Mesmo sendo cristão fiquei contra a postura deles. Na verdade sentei a ripa. Falei a ele que se haviam 40 milhões de evangélicos no Brasil (me perdoem se errei no número), destes, uma pequenina parcela era contra o que a grande maioria fazia, em nome do “Gizuz” que eles serviam.

Falamos um pouco mais, acalmei-o e disse para ele perdoar estes evangélicos que tanto tripudiavam de sua fé e de sua opção sexual. Falei que Jesus o amava muito, e que apenas não tinha chegado a hora dele para mudar de caminho, coisa que ele concordou.

Quanto aos xiitas na fé, aqueles que chutam imagens, denigrem os ‘diferentes’, fazem campanhas, amaldiçoam e blasfemam, será que eles acham que conseguirão ganhar uma vida pra Jesus?

Tem alguém no céu coagido? Tem alguém no céu com uma metralhadora na cabeça dando glória?

Amo meu amigo. Sem hipocrisia nem pressa. Não amo algo que projeto na vida dele, aquilo que ele poderá vir a ser. Com os olhos da eternidade já o vejo salvo, um grande testemunho.

Depois de fisgado, um peixe grande se tira da água dando muita linha, prendendo um pouco, soltando um pouco, cansando o peixe. E é bom que você tenha muuuuuuuuita linha e paciência. Se puxar com tudo a linha ou a vara arrebenta, ou você rasga a boca do peixe com seu anzol.

Vamos às apostas: Quem vai ganhar ele pra Jesus? Os que estão dando surra de Bíblia (antes fosse...) ou os que estão demonstrando amor por ele?

E você, o que você faria?

O filho da dona Maria e o mendigo podrão...


Praça da Sé, próximo à entrada do metrô. Não sei precisar a hora, mas deve ser pouco mais de meio-dia. O sol está escaldante. Vários mendigos sentados, bebendo, fumando e conversando. Alguns gritam, outros discutem, outro tanto lavam suas roupas nas águas sujas do antigo chafariz. Na saída de ar do metrô vários cobertores e peças de roupas amarradas às grades eram agitadas pelo vento criado com a passagem do trem subterrâneo. Funcionava como um secador de roupas.

Junto aos mendigos encontram-se algumas pessoas doentes, fazendo hora extra na terra para alguns. Um homem coxo, um cego, um paralítico. Outro deitado sobre um pedaço de papelão. Um leproso raspava a ferida de sua perna com um pedaço de cerâmica. O cheiro intenso de urina, suor e fezes fazia com que todos que desciam do metrô e passassem próximos àqueles mortos-vivos desviassem seus passos, tapando o nariz, tendo ânsia de vômito, desejando que aquele pedaço do mundo fosse engolido com todas aquelas criaturas bestializadas pelo sofrimento, abandono e dor.

Um casal de turistas parou pra tirar um foto daquela cena dantesca. Um dos mendigos se irritou e começou a xingá-los. Com medo, eles partiram apressados. Um trombadinha mirou a câmera e sinalizou para outro mais a frente. De onde eu estava não pude ver direito, mas houve grande correria e gritos de pega ladrão! Já era, rodou, perdeu...

Todos ali tinham em comum alguma desgraça pessoal que os levava àquele lugar. Nenhum outro local era tão público e ao mesmo tempo tão particular para aqueles mendigos do que aquela região da Sé. Os policiais faziam vistas grossas às barbáries que viam e ouviam daquela pequena comunidade de párias. Estando ali ao menos eram menos mendigos espalhados pelo centro. Mais cedo ou mais tarde morreriam ali, à espera de um milagre.

Este bando de maltrapilhos ficavam ali panguando, apenas juntando moscas em seus corpos e fedendo, crendo numa lenda urbana que dizia que quando a administração do metrô ligava o chafariz o primeiro que pulasse na água era milagrosamente curado de suas enfermidades. Dizem que foi um pessoal de uma igreja neo-pentecostal aí que tinha divulgado esta história, ninguém tinha certeza...

Em meio a este caos aparece ele, o filho da dona Maria. Tinha descido na Estação Sé do metrô e ia com muita pressa em direção ao Largo São Francisco, ponto final do Jardim Ângela. O crédito de seu bilhete único estava no limite e tinha que pegar seu ônibus rapidinho para não perder a passagem. Quando porém ele passou seus olhos sobre aquela pequena comunidade próximo ao chafariz, teve sua atenção roubada para o homem deitado no papelão.

Sem saber exatamente a razão (em seu íntimo algo como compaixão) se dirigiu a ele e perguntou:

-E ai mano, firmeza?

-É, mais ou menos. Tô de boa...

-Não é o que eu vejo. Você tá podrão cara. Tô na correria mas algo me incomoda: Você tá aqui acreditando no que o pessoal daquela igreja falou? Você quer ser curado cara?

-É, mais ou menos. Dizem que aqui posso ser curado, mas eu não consigo entrar na água em tempo.

O filho da dona Maria o olhou nos olhos, opacos, sem vida, e perguntou novamente:

-Rapá, eu to te perguntando se você quer ser curado!

Silencio. O mendigo não conseguia falar nada, absorto em seu mundo paralelo. Sem tempo a perder, o filho da dona Maria disse ao moribundo:

-Véio, esta história do banho de chafariz é a mó roubada. Na verdade você acredita nas coisas erradas, e vejo que isso faz muito tempo. Acredita até que não consegue mais sair daí, se entregou, desistiu de viver. Vamos fazer o seguinte: Eu te ajudo a levantar. Vamos! Levante! Jogue este papelão fora e vai cuidar de sua vida!

Vida. Que vida tinha aquele homem? Ali estava bom, estava na zona de conforto, mesmo em meio ao caos. Acostumado ao sofrimento desde que se deu por gente, ali era um bom lugar para estar. De vez em quando passava um pessoal distribuindo sopa. Não era molestado por ninguém (na verdade tinham nojo dele). Mesmo sem entender direito o que se passava, o homem sentiu algo dentro dele maior que seu comodismo, se espreguiçou e se levantou. Todos os outros mendigos ficaram boquiabertos. Aquele homem estava ali desde que fundaram o metrô, quase quatro décadas atrás, e nunca tinham o visto andar!

Neste meio tempo o filho da dona Maria vazou. Tinha só mais dez minutos para usar a passagem do bilhete único e – se ficasse ali – todo o resto do pessoal ia embaçar na dele.

Muitos perguntaram para o mendigo sem nome o que tinha acontecido. Ele não soube explicar. Não sabia nem o nome do filho da dona Maria....

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Morte: Não te temo, mas como te odeio...


Costumo ser muito organizado. Deixo minhas chaves junto ao meu celular e relógio, para que na hora que vou sair de casa não me esqueça de nenhum deles. Vez ou outra escrevo bilhetinhos para mim mesmo para não deixar de fazer algo importante que lembrei fora de hora. Até mesmo este texto que estou escrevendo é fruto de um bilhetinho que escrevi sábado à tarde, após muitas lágrimas com minha mulher, ao lembrarmos que algo que não queríamos esquecer não dependia mais de nossa vontade ou organização.

Conversávamos sobre nossas mães que já se foram. A minha partiu em Novembro último, após 5 longos meses em coma. A de minha mulher partiu antes de eu conhecê-la. Descansou antes de ver um de seus sonhos se concretizarem: Ver a filha trabalhando na área de enfermagem, em um bom hospital.

Sentei-me ao lado dela em silêncio, enquanto ela chorava. Não havia nada o que falar, apenas sofrer junto. Como disse em um outro post meses atrás, a meu ver não há nada pior quando você está chorando do que uma pessoa cheia de boas intenções parar ao seu lado e pedir para você não chorar, pois aquilo não era nada, já passou, sei lá...

Ela chorou, chorou até cansar. Dentro de mim a revolta contra a morte imunda só fazia crescer. Quando ela parou de chorar e começou a falar eu fiquei ouvindo, ainda em silêncio, mas me corroendo por dentro ao pensar na amputação emocional gerada pela morte.

Morte. Todos nós a encaramos por vários ângulos, tendo como base o grau de relacionamento com aquele que se foi, a gravidade do fato ou a quantidade dos que se foram. Algo como um homicídio lido em um jornal qualquer é estatística. Um avião que cai matando centenas gera comoção, até o próximo acidente.

Quando porém a morte nos toca com seus dedos frios, temos a real noção de quanto ela é perniciosa, asquerosa, imunda, imparcial, implacável. Se é que é possível falar isso, conviver com a morte como minha família foi obrigada a fazer por cinco longos meses foi algo como ter tido dentro de sua casa um seqüestrador, faca no peito da pessoa que você ama, inflexível na negociação.

O desgaste emocional te debilita; você fica impotente, apenas esperando o momento que ela aplicará seu golpe final. Por mais que se ore, por mais que se façam campanhas, por mais santos amigos e irmãos que você tem, uma hora será a última hora. Ela virá. Caso não sejamos arrebatados, todos passarão pelo longo e sombrio vale.

Quantos sonhos não serão vividos? Quantas alegrias póstumas não serão compartilhadas? Quantas saudades serão choradas? Enquanto estivermos aqui, sentiremos a dor da amputação constantemente, por mais que aparentemente a ferida tenha cicatrizado e tenhamos feito o melhor implante com o maior especialista do mundo.

Sei lá. Não tenho muito mais a escrever por enquanto. Apenas compartilho o texto que lembrei enquanto nós estávamos chorando:

“Todos estes morreram na fé, sem terem alcançado as promessas; mas tendo-as visto e saudado, de longe, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra.”
Hebreus 11:13

Compartilhei este texto com ela, sem ter a intenção de trazer um conforto superficial, apenas por ser a Palavra de Deus, dizendo que muitos outros passam por isso..

domingo, 25 de abril de 2010

Kers + Ídiche Kop + Jiu Jitsu + revelação + insight = ?


Há situações em nossas vidas que temos que ser muito práticos, controlar nossas emoções e tomar decisões imediatas. Encontrar soluções para problemas aparentemente insolúveis, enfrentar situações que muitas vezes são maiores do que nossa capacidade e força.

Nestes momentos de crise note que agimos por inércia. Nossos pensamentos começam a rodar em velocidade diferente da normal. Nossa capacidade mental aparentemente aumenta, igualzinho ao sistema de KERS (Kinetic Energy Recovering System, ou sistema de recuperação de energia cinética em português) que acumula energia gerada nas frenagens dos carros - que seria desperdiçada - para ser usada quando o carro precisa acelerar novamente. Este sistema está sendo utilizado em alguns carros de Fórmula 1 em 2009 nas ultrapassagens, gerando quase 100 cavalos de força a mais.

Quando nosso KERS é utilizado, tudo se torna mais claro. Encontramos a peça que faltava para montar o quebra cabeça, reformulamos as equações e chegamos a sua solução. Tomamos decisões importantíssimas em poucos segundos. Como por milagre.

As frenagens bruscas de nossas emoções em momentos de crise, que a meu ver também pode ser considerada como a não paralisação perante os problemas, acumula energia e esta é devolvida em ousadia e precisão. O que tivermos na mão se transforma em ferramenta, o que acharmos no meio do caos serve de arma, nem que sejam cinco pedrinhas de um rio, como fez Davi em relação ao gigante Golias.

Isso me faz lembrar muito de um livro que li um tempo atrás e recomendo a todos: O Segredo Judaico de Resolução de Problemas, do rabino Nilton Bonder, Ed. Imago.

Seu prefácio diz: “ Os judeus, em seu longo e atribulado percurso, experimentaram inúmeras situações de ameaça à sobrevivência, tanto do ponto de vista individual como coletivo. Tais vivências deram origem a uma refinada perspicácia, uma espécie de feeling particular que os próprios judeus passaram a chamar de "Ídiche Kop" - "cabeça de judeu". Sua característica mais marcante é a ousadia radical com que questiona o impossível e o inexorável e defende a permanência no jogo, precisamente quando tudo já parece perdido".

Na introdução deste livro há um caso muito interessante (páginas 10 e 11) que merece ser transcrito:

Conta-se de um incidente durante a Idade Media em que uma criança de um lugarejo foi encontrada morta. Imediatamente acusaram um judeu de ter sido o assassino, e alegou-se que a vitima fora usada para a realização de rituais macabros. O homem foi preso e ficou desesperado. Sabia que era um bode expiatório e que não teria a menor chance em seu julgamento. Pediu então que trouxessem um rabino com quem pudesse conversar. E assim foi feito.

Ao rabino lamuriou-se, inconsolável pela pena de morte que o aguardava; tinha certeza que fariam tudo para executá-lo. O rabino o acalmou e disse: "Em nenhum momento acredite que não ha solução. Quem tentará você a agir assim e o próprio Sinistro, que quer que você se entregue a idéia de que não há saída". "Mas o que devo fazer?", perguntou a homem angustiado. "Não desista, e te será mostrado um caminho inimaginável".

Chegado o dia do julgamento, o juiz, mancomunado com a conspiração para condenar o pobre homem, quis ainda assim fingir que lhe permitiria um julgamento justo e uma oportunidade para que demonstrasse sua inocência. Chamou-o e disse: 'Já que vocês são pessoas de fé, vou deixar que o Senhor cuide desta questão: Vou escrever num pedaço de papel a palavra "inocente" e em outro "culpado". Você escolherá um dos dois e o Senhor decidirá seu destino.

O acusado começou a suar frio, sabendo que aquilo não passava de uma encenação e que iriam condená-lo de qualquer maneira. E tal qual previra, 0 juiz preparou dois pedaços de papel que continham ambos a inscrição "culpado". Normalmente se diria que as chances de nosso acusado acabavam de cair de 50 % para rigorosamente 0 %. Não havia nenhuma chance estatística de que ele viesse a retirar o papel contendo a inscrição "inocente", pois o mesmo não existia.

Lembrando-se das palavras do rabino, a acusado meditou por alguns instantes e, com o brilho nos olhos que acima mencionávamos, avançou por sabre os papeis, escolheu um deles e imediatamente o engoliu. Todos os presentes protestaram: "O que você fez? Como vamos saber agora qual a destino que lhe cabia?". Mais que prontamente, respondeu: "E simples. Basta olhar a que diz a outro papel, e saberemos que escolhi seu contrário".

Descobrimos então que a chance de 0 % era verdadeira apenas para as limites impostos para uma dada situação. Com um pouco da sagacidade da necessidade, foi possível recriar um contexto onde as chances do acusado de superar a adversidade saltaram de 0 % para 100%. Ou seja, a simples recontextualização da mesma situação permitiu a reviravolta da realidade.

A impossibilidade é uma condição momentânea, e quem sabe disto não desiste. E nenhuma outra postura é e tão instigadora de criatividade e intuição quanto o "não desistir". O simples fato de permanecer no "jogo" abre opções que, fora dele, ao se "jogar a toalha", obviamente não existem.

Este é o espírito da coisa. Não nos acovardar diante do caos. Não jogar a toalha. Utilizar a pressão a nosso favor (como os lutadores de Jiu Jitsu fazem, que é usar o peso e a força do adversário contra ele mesmo. Essa característica da luta possibilita que um lutador, mesmo sendo menor que o oponente, consiga vencer) e – acima de tudo – crer que, para Deus, nada é impossível.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Minhas tatuagens...


Está pensando em fazer uma tatuagem?

Aceita conselhos de um tatuado em "franca expansão"?

1) PENSE BEM ANTES DE FAZER. Não haja por impulso. É para sempre!

2) EVITE O COMUM. Evite desenhos que todo mundo faz igual. Já que é pra fazer a tatuagem e ela será tua "até que a morte os separe" (humor negro, rerere), pegue um desenho bem legal (tribais e flores são legais, mas nem todos são originais), desde algo que você gosta (meu Leão de Judá é de uma contracapa do disco de uma banda de reggae cristão chamada Chirstafari) ou de algum site 'gringo' (ai a cambada não vai ter muito acesso ao teu desenho e você não vai pagar o mico de encontrar teu vizinho com uma igualzinha alguns dias depois) e - mesmo assim - não faça exatamente como está, tenha paciência e trabalhe em cima do desenho com muita calma.

3) EVITE O QUE É QUASE CERTEZA QUE DARÁ ERRADO. Evite a qualquer custo nomes e fotos de pessoas! A chance de ficar uma m... é gigantesca e nome todo mundo tem. Só é aceitável se for do filho ou filha mas - como disse - todo mundo tem e esta modinha vai passar.

4) PROCURE UM EXCELENTE TATUADOR.
Na verdade este deveria ser o ítem número 1, mas a escolha do desenho é tão importante quanto. Continuando: Procure um profissional qualificado, que tenha um estúdio totalmente equipado e que ele siga todas as normas de segurança necessária como material descartável, higienização, luvas, aventais, etc, etc. Normalmente estes artistas você conhece através do boca a boca, como um bom dentista ou médico. Tem algum conhecido com tatuagens hiper-mega bem feitas? Converse com ele e procure saber com quem ele fez. Vá ao estúdio, converse, veja as fotos dos trabalhos dele...

5) NEGOCIE. Bom tatuador não cobra barato, mas se você souber contar sua triste história a ele possivelmente conseguirá um desconto. NUNCA aceite algo baratinho do "amigo meu que está começando agora" por motivos óbvios.

6) PREPARE-SE PARA A DOR. Quem diz que não dói tá mentindo. A dor é basicamente a mesma, mas aumenta de acordo com o tempo que você está na cadeira elétrica, digo, nas mãos do tatuador. Outro agravante é a quantidade de pele e/ou gordura no local. Quanto mais carne menos dor, quanto mais osso maior a sensação de estar sendo torturado. Se você não tem problemas de saúde (principalmente pressão alta), o tatuador pode passar alguns produtos que minimizam o desconforto momentâneo. Depois que acabou já era, não dóis mais.

7) CUIDADOS POSTERIORES.
Siga todas as instruções do profissional, que basicamente são:

a)Use a pomada cicatrizante indicada;

b) Evite alimentos gordurosos ou - como dizem os mais velhos - "comida remosa". Se não sabe o que é pergunte pra alguém mais velho ou joga no Google. Algo como peixes, frutos do mar, carne de porco, embutidos, comidas condimentadas. Já fiz a cagada de terminar meu CoeXisT e cair de boca num sanduíche de mortadela do Mercado Municipal. Inflamou, quase perdi o trabalho e tenho que fazer alguns retoques em breve;

c) Evite a exposição ao sol ou banhos de mar.

d) Evite a tentação de tentar "ajudar a natureza" e ficar tentando fazer cicatrizar mais rápido do que o tempo normal (no máximo quinze dias) com sua unhazinha.

8) TATUAGEM VICIA! Tatuagem vicia, só digo isso...

Abaixo algumas fotos de minhas tatuagens e a razão de ser de cada uma.

1) LEÃO DE JUDÁ - Fiz para cobrir um desenho porco que fiz na adolescência e me arrependi. Por isso ela é grande (na época pelo menos eu achei que fosse...). Já tem mais de 10 anos, tá pedindo para ser retocada.


2) ANJO - esta eu peguei no site americano Tattoo Finder procurando desenhos "angelicais". Fiz após minha separação, tipo um protesto. Acabou sendo profético, pois minha mulher hoje (esta é para ser "até que a morte nos separe"...) tem como "middle name" DOS ANJOS, então fechou!

Depois coloco uma foto...

3) COEXIST - Esta é polêmica para alguns. CoeXisT é um movimento que surgiu baseado em um logo criado pelo artista polonês Piotr Mlodozeniec, pregando que as três principais religiões monoteístas do mundo poderiam conviver em paz. Não se trata de ecumenismo. Trata-se de se respeitarem e conviverem em paz, mesmo com suas diferenças. Quem divulgou o CoeXisT mundialmente foi o Bono Vox, vocalista do U2 e um dos cristãos mais comprometidos com o "Evangelho Integral" que conheço. "Desenhando", cada letra maiúscula significa:

C - A meia lua do Islã;
X - Feita como a Estrela de Davi, simbulo universal do Judaísmo;
T - Feita como a Cruz, dispensa explicações...

Embalado para viagem após o término da tatuagem

Sem o plástico, após ter comido o sanduíche de mortadela (que sirva de alerta! risos)


4) SOL, LUA E ESTRELA
- Também "roubei" a idéia do site Tattoo Finder. Adaptei algumas coisas e coloquei no lugar de uma estrelinha safada uma estrela de Davi com traços bem finos.

Decalque do desenho a ser tatuado

Contorno finalizado

Desenho finalizado

Desenho cicatrizado

Well, todas tem em comum minha relação com Deus. Nem todos conseguem entender, mas através do que está "bordado" em meu corpo sempre que alguém vem me perguntar sobre minhas tatuagens tenho a oportunidade de pregar o Evangelho.

Em tempo: Nas costas foi a que mais doeu, desculpe te falar. Foi uma sessão só de três horas e meia. Quase pedi pra parar de tanta dor. Basta ver o "antes, durante e depois"...

Espero ter te influenciado positivamente na decisão ou na escolha. Ou feito você desistir...

Agora apenas aguardo que a fogueira da Santa Inquisição seja acesa, estou pronto...

Mentes possuídas


Feriadão. Pela manhã fui à praia, andei uns 5 km com um grande amigo na areia (meu joelho bichado numa partida de basquete mil anos atrás tá doendo um pouco até agora), falando sobre a vida, o passado, presente e os desdobramentos de nossas atitudes e decisões para o futuro, situações estas que impediam uma vida plena no dia de hoje. Daria um bom capítulo de um livro caso os assuntos não fossem tão pessoais.

Voltamos para onde estava o restante da tropa, dei alguns mergulhos (o mar estava perigoso), sentei-me na cadeira de praia e praticamente desmaiei. Não sabia de onde vinha tanto sono. Cansado e empapuçado da praia deixei todos lá, peguei a bicicleta de outro amigo e fui do Posto 11 (Recreio) ao Posto 8 (Praia da Reserva), vento na cara, um calor agradável, gente bonita por todo lado.

Voltei pra casa, preparei o almoço (praticamente o jantar, pois ficou pronto depois das 4 da tarde. Liguei a TV, coloquei no AXN e estava passando o seriado Criminal Minds (mentes criminosas) que é sobre um grupo de investigadores do FBI chamado Unidade de Análise Comportamental (Behavioral Analysis Unit, BAU) que a cada crime são chamados para decifrar os fatos seguindo uma linha investigatória peculiar: Eles analisam os fatos e provas e traçam o perfil psicológico do criminoso através das evidências, chegando através destas variáveis até o criminoso.

Muito bom, muito bom mesmo. Parece bobeira, mas aprendo muito sobre o ser humano até através deste tipo de programa. No que assisti ontem um cara que estava em tratamento psicológico há vários anos estava num trem rumo a um congresso, juntamente com sua médica (que seria a palestrante), muito conceituada no meio.

Do nada o cara resolve dar ouvidos ao seu “amigo” invisível (entre outras coisas ele era esquizofrênico) e toma a arma de um segurança do trem, o mata e coloca todos em cativeiro. Para negociar o seqüestro o pessoal do BAU é chamado e eles começam a traçar o perfil do seqüestrador/esquizofrênico/homicida.

O cara acreditava que em seu corpo haviam vários microchips implantados e que ele era monitorado 24 horas por dia por um “líder” imaginário, como que em um Big Brother. Todas as imagens dentro do vagão eram vistas pelos investigadores através das câmeras de circuito interno e eles cruzavam as imagens com o que era falado com o seqüestrador por telefone.

Em um determinado momento um dos investigadores falou uma frase que ficou reverberando em minha mente:

“A crença não é uma mente que possui uma idéia e sim uma idéia que possui uma mente”.

Caramba. Forte isso. Fiquei pensando sobre o assunto e em muitos casos realmente é assim que a coisa funciona; até mesmo no meio evangélico.

Conheço tanta gente fanatizada pela fé! Mas não na fé em Jesus Cristo e sim a fé na fé, como já ouvi o pastor Paulo Romeiro dizendo várias vezes. Submetem-se a usos e costumes, fardos impossíveis de carregar. Entregam seus sentidos a uma doutrina sem sentido. Vagueiam no mundo espiritual como zumbis manipulados por homens (ou coisa pior) que não sabem ao certo onde querem chegar e apenas perambulam pelas escuras noites da alma, arrastando tantos quantos estiverem pelo caminho.

Permitem-se escravizar por doutrinas de homens e demônios, não a sã doutrina. Uma complexa tapeçaria que somente escraviza o ser que permite que sua mente seja subjugada, agindo desta forma movidos por uma necessidade de alcançar o sagrado através do auto-sacrifício e penitência. Opressos, impotentes, cegos. Fazem tudo sem questionar. Não se colocam sob a poderosa mão de Deus. Não são guiados pelo Espírito e sim por espíritos imundos e opressores travestidos de líderes espirituais, especialistas em manipular a Palavra da mesma forma que Satanás tentou fazer com Jesus após os 40 dias de jejum.

Aproveitam-se das fraquezas pessoais, da bagagem herdada das religiões pré-conversão e criam um Frankstein ecumênico desprovido de alma, movido apenas pela loucura daqueles que o forjaram nas profundezas obscuras de mentes pervertidas. Possuem a mente desses desavisados (será?) e os manipulam, os subjugam, os consomem e os lançam fora como o bagaço sem o suco, secos e sem nada mais a ser aproveitado, senão apenas para serem utilizados como combustível da fornalha que cozinhará outros seres humanos neste caldeirão do diabo.

Uma mente sadia e bem alimentada pela Palavra entretanto, não está susceptível de ser capturada e possuída por uma idéia qualquer, por mais que tenha a aparência de sabedoria, por mais que utilize pinceladas da Verdade. Como diz o Ricardo Gondim, “a mentira, quanto mais parecida com a Verdade, mais perigosa se torna”.

A mente sã e alicerçada na sã doutrina entretanto aceita apenas um senhorio: O de Jesus Cristo. Não se submete a homens. Aceita a liderança do Bom Pastor e a Ele segue. Congrega onde a Palavra é pregada e não distorcida por interesses espúrios. Luta o bom combate, alia-se com os defensores da Verdade, desconfia e rejeita qualquer vento de doutrina que não passa no crivo das Escrituras.

Tem a sabedoria que vem do alto e usa as armas que de lá vem, porque "as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus para destruição das fortalezas; Destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo” - 2Corintios 10:4-5.

Aqui está a diferença. Levamos conscientemente nosso entendimento à obediência de Cristo, o Senhor.

E como se nota a diferença em estar subjugado à doutrinas dos homens (e demônios) ou em entregar voluntariamente seus pensamentos a Jesus Cristo?

“Ora, o Senhor é Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade!!!!”. – 2Corintios 3:17

Tente se mover. Estique os braços. Olhe para fora. Sente paz? Vive a paz? Tem plenitude de vida? Go ahead. Keep walking...

Em tempo. No fim do episódio um pastor, que estava dentro do vagão e anteriormente abriu sua pasta e retirou sua Bíblia e a lia em paz enquanto tudo se desenrolava em sua frente, possuía uma arma e só a retirou e atirou no rapaz quando viu que a situação estava totalmente fora de controle e todos seriam mortos.

Atirou e pediu perdão a Deus. Agiu corretamente, na hora certa.

Emblemático...

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Na boa? Tá na hora de deixar de ser criança!


“A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo teu corpo terá luz; se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes são tais trevas!” - Mateus 6:22-23

Sábado passado assisti ao filme Avatar. Não satisfeito assisti de novo no domingo...

Podem (e com certeza vão) me chamar de simplista, mas gostaria de entender qual a razão de tanta paranóia, acreditando que boa parte do que se faz na sétima arte é preparação para o fim da Era de Peixes (o Cristianismo) para o início da Era de Aquário, a Nova Era?

Do começo ao fim fiquei sinceramente tentando encontrar o motivo pelo qual boa parte do meio evangélico (ah, este meio evangélico...) ter conseguido ver tanto demônio, tanta mensagem da Nova Era, tanta coisa errada em um filme que basicamente traça um paralelo entre os humanos que vão ao planeta Pandora em busca de um mineral caríssimo e que pode solucionar o problema energético da humanidade, mesmo que à custa da morte dos nativos, os Na-vis, com o que hoje se faz nas florestas de nosso planeta.

Por conta de meus primeiros anos na fé também trilhei por estes caminhos. Abominava a Trilogia de O Senhor dos Anéis, amaldiçoava Matrix, ficava procurando mensagem subliminar até em filmes infantis, tentando me enquadrar nesta visão, temendo estar abrindo brechas para o inimigo.

Mas que fé seria a minha se não fosse capaz de estar neste mundo, mas não ser deste mundo? Que relacionamento com Deus é este que me impossibilita de viver aqui e “circular em todos os arraiais” como costumo dizer, sempre atento ao que é ou não de Deus, mas não evitando vidas, pessoas, “situações de risco”?

Mas a expressão "avatar" é utilizada no meio da Nova Era muitos dirão. Rola um tipo de panteísmo, isso e aquilo... Em o Senhor dos Anéis tem mago, feitiçaria, blá blá blá!!!

Que droga de crente é você meu chapa? Se fosse ao menos para se apegar para isso, que tivessemos ao menos a sabedoria de Paulo quando entrou no Aerópago e viu toda a idolatria daquele povo, tendo porém equilíbrio para ajustar sua mensagem à realidade deles!!!!

Abraçar seu amigo homossexual, conversar com prostitutas (muito bem sacado o texto O Crente e a Zona, postado no Cristão Confuso), sentar com o adúltero, conhecer os milicianos do seu bairro? Será que nós que temos e vivemos a Verdade não temos condições de conviver neste tal ambiente hostil e sairmos ilesos?

Já escrevi sobre isso várias vezes, mas o “sentar à mesa dos escarnecedores” é muito mais do que ato em si. É ter comunhão com os ideais, com o estilo de vida, é ser fraco e não ter auto-controle, ser influenciável. Para estes, realmente é melhor não ter contato com os perdidos. Fica na igreja esquentando banco e gritando aleluia que é mais seguro.

Assistir um filme que obviamente não envolve prostituição, deturpa valores e são assumidamente contra a Palavra de Deus é mais que óbvio. Andar com prostituta para se prostituir com ela, abraçar o homossexual devido à inclinação para a prática, andar com os milicianos fazendo negócios e tendo envolvimento com suas práticas obviamente não é para ser feito, MAS não é para ser feito para o fraco de espírito, aquele que é imaturo na fé.

Por outro lado somos a Igreja Viva de Cristo, a Eclésia, e a somos onde colocarmos nossos pés. Nossos pés são formosos, anunciamos as boas novas do Evangelho e temos a blindagem do Espírito Santo. Somos missionários em tempo integral, ganhando vidas (não apenas almas como se costuma dizer) para o Reino de Deus.

Somos o sal da terra e a luz do mundo para os perdidos. As portas do inferno não prevalecerão contra nós. Somos os saqueadores dos arraiais do inimigo. Fazemos a diferença. Nossa luz tem que ser acesa e colocada no lugar mais alto da casa, para que todos a vejam e reconheçam a grandeza de Nosso Senhor Jesus Cristo refletida em nós.

Sei lá, este assunto me incomoda muito. Acabei dando uma volta e retornado ao assunto inicial.

Assista ao filme e revolte-se com o que os homens tentaram fazer com o planeta Pandora. Não ache que não vamos ser cobrados por nossa negligência com a Natureza. Somos seres integrais, com corpo, alma e espírito. Vivemos neste mundo e nossos semelhantes estão destruindo a criação de Deus. Nós como Igreja participamos disso direta ou indiretamente, no mínimo com nossa omissão.

E vamos ser cobrados. Certamente vamos.

Em tempo: Aparentemente o texto bíblico que coloquei no início está deslocado para alguns. Se para você ficou assim, seus olhos são maus...

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Não creio no deus dos evangélicos...



Sim. "deus" com "dê" minúsculo...

Sai de casa hoje pela manhã em direção ao escritório e vim pensando a respeito da relação dos evangélicos com o Deus que professam crer. Fiquei pensando sobre as multidões que se nomeiam cristãos e enchem os templos em busca de soluções imediatas para seus problemas, crendo que pelo simples esfregar de mãos na lâmpada maravilhosa chamada fé sairá um gênio que concederá não apenas três, mas todos os desejos que suas vontades deturpadas e corrompidas pela cobiça e avareza forem a ele apresentados.

Esfregam as mãos na lâmpada em Nome de Jesus, aquele que morreu na Cruz do Calvário não apenas para pagar nossos pecados, mas (de acordo com sua fé) também para satisfazer cada desejo de seus corações corruptos. Aliás, perdão de pecados nem está em voga. É uma mensagem totalmente fora de moda. Servir a Deus por quem Ele é então não faz o mínimo sentido. Como costumam dizer: “Como verão Deus em nossas vidas se não formos abençoados com curas, riquezas, prosperidade, blá, blá blá?”

O evangélico mediano, aqueles que todo mundo tem ao menos um na família, é um garimpeiro de bênçãos que tem medo, vergonha ou receio de ser mal visto por outras pessoas, mas na verdade faria qualquer coisa para receber aquilo que deseja. Prega e esconde-se atrás de uma religião vazia, externa, cheia de usos e costumes, tendo até aparência de sabedoria mas sem valor algum senão para a satisfação de sua carne (Leia Colossenses 2 na íntegra).

Sabe que roubar pode dar cadeia, não tem coragem de se meter com o diabo (mas bem que o faria se soubesse que no final das contas isso não daria inferno e, de certa fora, o fazem sem saber) mas não aceita que do simples fruto de seu trabalho na presença de Deus possa advir o suficiente para suas necessidades e ficam lá, como diz na música do Bob Dylan, "knoking, knoking, knoking on the heaven's door..."

Não conseguem viver o milagre cotidiano. Não aceitam estar onde estão. Acham muito pouco viver a vida que Deus deu a eles, não se conformam com o pão nosso de cada dia. Não crêem no caráter de Deus, aquele que está no controle de todas as coisas. Trilhando nesta direção porém, estão a anos-luz de distância do Caminho. Estão jogando na loteria espiritual, mas caso acertem a “seis dezenas” (sugestivo né? 6 dezenas...) o prêmio não será pago por Deus.

Como está escrito em Mateus 6:24, “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom”.

Gostaria e não gostaria de saber o que passa no coração de Deus a respeito disso. Deve doer, deve deixá-lo irado. Não sei. Sei apenas que sempre que paro para pensar nisso meu estômago embrulha.

De coração, quero que haja um verdadeiro avivamento em nossas (NOSSAS) vidas, no meio da Igreja (agora sim com “I” maiúsculo..). Que possamos fazer a diferença. Que possamos refletir a glória de Deus entre todos. E que todos que nos vejam sintam sede deste Deus maravilhoso por quem Ele É, não pelo que hoje é pregado nos templos de feitiçaria gospel.

Que a Palavra de Lamentações 3:22 seja profética e alcance todos em tempo hábil para arrependimento:

"As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim..."

quarta-feira, 14 de abril de 2010

É um engolindo o outro!


12:23hs de quarta-feira, 14 de Abril de 2010. A famigerada ‘hora-morta’, onde você tem um monte de coisas para resolver que impedem você de sentir fome versus o mundo todo que sai para almoçar, fazendo linha de impedimento, te deixando de cara pro gol mas sem condições legais de meter a bola pra dentro.

Por qual razão eu sou assim? Por que quero ter tudo sob meu controle? Por que o mercado de trabalho exige tantos resultados, a ponto de você se tornar mais um caçador, abatendo presas (presas = concorrentes), ao preço de que se você assim não o fizer você será a presa. Parece aquela frase inicial no filme Cartas na Mesa onde o personagem interpretado por Matt Damon diz que “se em 30 minutos de jogo você não descobrir quem é o pato da mesa, VOCÊ É O PATO”.

Inúmeras cartas postas à mesa. Nenhuma serve para eu fechar meu jogo. A carta que eu preciso está na mão do meu pseudo-adversário. O mesmo adversário que encontrei semana passada na Intermodal (feira de negócios na área de Comércio Exterior). Cumprimentamo-nos, trocamos cartões. Gente como eu, também precisa ganhar o pão de cada dia.

Por que temos que ser concorrentes? Será esta a linha de raciocínio correta a ser seguida? Digo tanto a de aceitar tranquilamente a idéia capitalista de que é assim mesmo, um engolindo o outro, só os mais fortes sobrevivem ao mercado versus a talvez utópica idéia de que há espaço para todos no mercado e que deveríamos dar as mãos e sair por aí.

Sei lá o que pensar, francamente.

Só sei que isso cansa. Manter o mínimo de lucidez e controle emocional perante milhares de diferentes pontos de tensão do dia a dia me faz pensar se realmente temos condições de administrar tudo ao mesmo tempo e sairmos ilesos ao final de nossa jornada. A não ser que eu vivesse do ministério, talvez...

Se eu tivesse no campo missionário creio que minha igreja ou alguma agência missionária estaria me bancando. Mas quem bancaria as duas fontes da minha renda? Membros das igrejas, cristãos comprometidos com a obra...

Mas de onde viriam seus recursos? Desta imensa roda-viva que se alimenta da desgraça, miséria e concorrência algumas vezes desleal e que em troca nos premia no fim do mês com nosso suado salário? Está fazendo sentido o que quero dizer?

De uma maneira ou de outra este dinheiro será ganho através da desgraça e miséria de outro! Sei que "Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores" (1Ti6:10) mas - mesmo que não o amemos - não vivemos sem ele, e as formas de ganhá-lo são "justas" aos olhos do mundo, mas alguém ficou chorando desempregado ou por que perdeu seu melhor cliente...

Anyway, isso cansa gente. Viver correndo atrás do vil metal cansa. O preço que pagamos para que ele entre em nosso bolso é muito alto, pelo menos na área da prestação de serviços, a qual trabalho.

Vivo como um pato num lago deslizando pelas águas numa aparente paz e tranqüilidade MAS, sob as águas, minhas patinhas estão se agitando com toda força para me impulsionar para frente.

Faço uma pergunta simplista por preguiça de pensar mais a respeito (talvez o faça depois): Há espaço para todos? Um dia isso vai mudar ou a tendência é piorar? E não estou falando do que será “um novo Céu e uma nova Terra” que aguardamos com esperança. Digo aqui, daqui uma semana, um mês, um ano, no próximo governo...

terça-feira, 13 de abril de 2010

Dois dedim di prosa!


Recebi hoje por email. Ainda estou pensando muito sobre isso tudo e quis compartilhar...


Reflexão e ação!

- Tardi, Dotô.

- Boa tarde. Sente-se.

- Careci não. Ficu di pé, memo.

- Sente-se para eu poder examinar.

- O Dotô é quem manda.

- Mas fale-me. O que está acontecendo?

- Ai, Dotô! Mi dá umas dor di veiz in quandu.

- Que dor?

- Aqui, óia. Nu estromagu. Beeem lá nu fundinhu.

- Forte?

- As veiz. Trasveiz é anssim ó, di mansinhu.

- E o que você faz?

- Tem veiz que eu cantu. Trasveiz eu vô pra cunzinha fazê um bolu.

- Tem outra dor?

- Tenhu, sim, Dotô. Aqui, ó. Pertu dus óio.

- E essa é forte?

- Também é forte não. Quandu ela dá eu cunversu cas vizinhas i passa.

- Outra?

- Tenho sim senhô. Aqui. Anssim, nu meio das custela, pareci nu coração. Dá uns apertu aqui, ó.

- E você faz o que?

- Tem veiz qui eu choru. Trasveiz eu ficu anssim, muitu da queta pra vê si passa.

- E passa?

- As veiz. Trasveiz eu vô pra pracinha.. Lá eu sentu num bancu vê as criança brincá prá esperá passá..

- Você mora com alguém?

- Moru não, Dotô. Sô sunzinha nessi mundão di Deus.

- Não tem família?

- Aqui tenhu não. Minha famia é todinha du interiô du sertão, pertinhu de Urandi, lá quasi im Minas. I vim sunzinha pra Sum Paulu tentá a vida.

- E você faz o que?

- Óia, Dotô. Eu já fiz um cadinhu di tudu nessa vida. Já trabaiei numa firma di limpeza, já cuidei di criança. Já trabaiei numa casa di genti rica.

Agora eu trabaio cuma mocinha qui mais viaja qui fica im casa. Ela avua num avião di dia i di noiti. Aí eu ficu sunzinha..

- Você mora com ela?

- Moru sim, Dotô. Ela dexa eu drumi num quartinhu lá nus fundu da casa.

- Sabe cozinhar?

- Oxa si não! Cunzinhu muitu du bem! Coisa mais simpres anssim i coisa mais di genti chiqui.

- Gosta de crianças?

- Ô, seu Dotô. É as criaturinha mais anjinha qui Deus botô nu mundu!

- Qual o seu nome mesmo?

- Óia, Dotô. Eu num gostu muitu, mas a modi agrada a santa, minha mainha botô Crara.

- Dona Clara. Eu sei o que a senhora tem.

- Comu anssim, si o Dotô nem incostô im mim?

- O que a senhora tem Dona Clara, chama-se solidão e é a causadora de toda essa tristeza.

- I issu mata, Dotô?

- Ás vezes, sim. Mas, no seu caso bastam amigos, alguns remédios e um pouco de carinho. Dona Clara. Vai parecer estranho e nem eu mesmo entendo porque estou fazendo isso, mas minha esposa está grávida e nosso segundo filho é para o mês que vem. Já temos uma menina. E até hoje é minha esposa que cuida de tudo. Porém, com o bebê pequeno precisamos de alguém que cuide da casa. Que tal ficar conosco?

- Oxa si não! Óia, Dotô. Nunca fizeram issu pur mim não. Vixe! Vai sê coisa muitu da boa ficá cum oceis. I careci di morá lá, Dotô?

- Sim. Temos um quarto vago, no apartamento. Podemos tentar por uns meses.O que acha?

- Dotô. É anssim como tê famia, né?

- Quase.

- Dotô. Eu num vô mais sê sunzinha. Vixe! Deus lhi pague, Dotô, a modi qui carinhu anssim, nem mainha mi dava.

- Vamos testar. Combinado?

- Cumbinadu. Dotô. Careci di eu fazê uma pregunta.. Eu num vô mais senti essas dor?

- Vamos combinar uma coisa? O dia que sentir essa dor você me procura.

- Prá modi du senhô mi inxaminá?

- Não. Prá modi nóis trocá dois dedim di prosa...

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* Mais de 400 milhões de pessoas no mundo sofrem de depressão.

* A maioria dos pacientes deprimidos que não é tratada irá tentar suicídio pelo menos uma vez, e 17% deles conseguem se matar. Com o tratamento correto, 70% a 90% dos pacientes recuperam-se da depressão.

* Aproximadamente 2/3 das pessoas com depressão não fazem tratamento e dos pacientes que procuram o clínico geral apenas 50% são diagnosticados corretamente.

* Segundo o último relatório da Organização Mundial de Saúde a depressão é mais comum no sexo feminino, afetando de 15% a 20% das mulheres e de 5% a 10% dos homens.

Viva a dor...



Dor. Grande dor. Não no sentido de ser muito doída, digamos assim. Quero dizer que a dor é boa. Tenho aprendido muito ela. Sempre ali, companheira e presente. Honesta a sincera, me alertando que algo está errado. Nela não encontrei falsidade. Pelo contrário, sua franqueza não tem comparação. A dor é minha amiga. Antes tinha inveja de quem não sofria nada. Achava que ser feliz era viver uma vida sem dor. Tudo certinho, no lugar, encaixado, hermeticamente fechado, à prova de balas. Mas a dor invadiu meu coração, tomou posse do meu ser, preencheu vazios da futilidade e me tornou melhor.

Pode ser que eu seja radical, mas desconfio de pessoas que dizem que suas vidas estão sempre no eixo, que dizem não ter problemas, vivendo de glória em glória, sem sofrimento algum. No mínimo são falsas, pois ninguém passa por esta vida sem sofrimento e dor.

Gosto de estar com pessoas que sentem dor. Pessoas com cicatrizes são mais confiáveis. Lutaram e venceram. Tem o que contar e você pode contar com elas. As cicatrizes para mim são como calos na alma, troféus. A dor na verdade é uma das grandes verdades da vida.

Aquele ensinamento do Senhor que diz para chorarmos com os que choram era pra mim apenas uma teoria, no máximo um dever religioso ou moral. Hoje é diferente. Posso sentar ao lado de quem sofre e sofrer com esta pessoa. A dor me deixou mais humano.

Em Eclesiastes 7:3 o Rei Salomão, diz que "melhor é a mágoa do que o riso, porque com a tristeza do rosto se faz melhor o coração".

Salomão estava certo.

A vida é linda e a dor faz parte dela. Está servida em uma taça, e cada um tem a sua, para ser apreciada com tudo o que vem dentro.

Brindemos a vida, brindemos a dor.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Estava muito só...


Ontem cheguei na igreja como se estivesse indo a um velório. Nada em relação a igreja, que é uma benção. O problema estava comigo. Me sentia só, muito só, mas não era solidão de estar sozinho. Era solidão de tristeza. Nada específico, creio que era o conjunto de diversas situações adversas que passamos nos últimos dias.

Dentro de mim um vazio imensurável. Procurei um banco para ficar e comecei a acompanhar os louvores que estavam sendo cantados do púlpito. Tudo normal, tudo uma benção, mas eu não estava lá. Estava de “corpo presente”, mas minha alma vagava sem rumo. De onde vinha tanto vazio?

Mantendo a fé, fiquei lá no culto. Sabia que tinha que estar lá, mesmo no bagaço que me encontrava. Como um para-raio de plantão, sabia que mais cedo ou mais tarde a presença do Altíssimo me tocaria. Chorava pra cacete.

Após o louvor o pastor Wesley chamou aqueles que precisavam de oração à frente. Fui o primeiro a levantar, mas cheguei lá e não conseguia pronunciar uma palavra que fosse. Apenas chorava, chorava baixinho, mas chorava muito. Soluçava quase que para dentro, as lágrimas jorrando como fontes.

Após a oração nem me sentei. Fui direto em direção ao corredor principal. Tinha que ir ao banheiro para limpar a fuça. Dei de cara com o pastor Jonas, que me olhou e veio em minha direção. Abracei-o e chorei mais. Trocamos algumas palavras, fui ao banheiro e voltei ao meu banco. A palavra seria ministrada por um missionário brasileiro que estava em Angola.

Gosto de missões e missionários. Ouvia-o com atenção, vendo tudo o que Deus estava fazendo através de sua vida. Fiquei impressionado com os relatos de como a feitiçaria era dominante na região que ele se encontrava com a família. Mais ainda com a falta de preparo da grande maioria dos líderes da região, que temiam os feiticeiros e não ousavam confrontar as práticas demoníacas com a verdade do evangelho.

O tempo passou, acabou o culto. Abracei o pastor Wesley pelos corredores, conversamos alguns minutos e fui para casa. Não aconteceu nada de sobrenatural. Apenas o contato com os irmãos foi suficiente para acalmar meu coração.

No trajeto para casa fiquei pensando: Se hoje está assim, dores, sofrimentos, vazios sem fim, como ficará mais pra frente? A igreja brasileira não vai viver assim de boa por muito tempo. Tendo a palavra como sendo digna de toda a aceitação, os dias se tornarão mais e mais difíceis.

Cada vez mais seremos confrontados com estes momentos de vazio e dor. Cada vez mais iremos de encontro a imensos caminhos os quais não saberemos onde findarão. Teremos apenas que crer na bússola que temos em mãos e avançar a passos firmes rumo ao nosso Mestre, mesmo não conhecendo um palmo do caminho que está diante de nós.

Algumas vezes nos dirigiremos aos “oráculos”, como fez Neo em Matrix, tendo nenhuma resposta concreta do que nos espera. Algumas vezes nossa “anima” estará desanimada. Sentiremos esta sensação de corpo presente, espírito longe, muito longe. Cada vez mais teremos saudades de um lugar que nunca fomos, mas iremos em breve.

Não sei se faz sentido nem me importo que faça. É apenas um desabafo. Desabafos são desabafos...

domingo, 11 de abril de 2010

Isso não acaba nunca?


Eu sempre estou cheio de perguntas. E uma delas é a de sempre: Por qual razão há momentos na vida em que aparentemente nada faz sentido?

Esta é uma sensação é natural? Só eu encano com estas coisas?

Ao pensar sobre isso me lembrei de uma mensagem ministrada pelo Pr. Sóstenes Mendes, intitulada Dor de Crescimento*.

Resumindo mal e porcamente esta mensagem, dor de crescimento é quando parece que eu cheguei ao fim de um estágio em minha vida mas não percebi. Começo a conviver com o silêncio, o marasmo e o vazio. Uma situação que começa a se arrastar por algum tempo. De repente começa a se passar muito tempo e nada acontece. É uma sensação incômoda e eu não quero ficar parado naquela situação o resto de meus dias. Tipo quando eu insisto em usar uma roupa que não me cabe mais. Pode até ser que eu consiga vestir aquela roupa, mas vou ficar desconfortável pois meu corpo mudou. Na verdade vou ficar ridículo. É possível até eu fingir que não está acontecendo nada e tentar ficar nesta posição o resto de sua vida, mas não tem como. Quanto mais tempo eu perco mais o desconforto aumenta, até se tornar insuportável.

Eu tenho também a opção de recuar e fingir que não cheguei àquele ponto. Posso tentar agir como Morpheus sugeriu para Neo em Matrix: ‘Tome a pílula azul e você vai esquecer-se de tudo o que aconteceu até este momento’. Algo como restaurar meu micro com as configurações de dias anteriores. Mas isso eu me recuso a fazer. Dar um passo atrás não vira. Muita coisa já foi escrita em minha vida e não tem como ser apagada. Algo como ter construído um castelo de cartas e de repente decidir tirar uma delas da base achando que o restante da estrutura vai aguentar.

Só que dentro de mim algo se move impacientemente e me obriga a fazer algo. Me rendo e decido avançar. É a coisa certa a ser feita. Tiro a bunda da cadeira e me levanto. Só não sei exatamente que direção tomar nem como começar. De repente acontece algo: Minha visão se abre após os primeiros passos e as coisas começam a acontecer. Como que por um milagre, o mar se abre e eu avanço em terra firme.

Descubro que aquele paredão em minha frente era apenas um degrau. Mais um degrau a ser subido. Com o passar do tempo cada vez mais me depararei com estes paredões. Os intervalos serão menores, as ações deverão ser tomadas mais rapidamente. Terei que subir, subir, subir.

Onde isso vai acabar? Eu não sei. Avançar sempre, escalar degraus, vencer gigantes, matar leões, lidar com perseguições, laços e armadilhas, como que num pesadelo. É punk. Só andando para ver onde esta trilha vai chegar.

Somente eu tenho estes questionamentos? Isso faz sentido para você? Também estou em busca de respostas.

*P.S: Caso você queira, ouça a mensagem 'Dor de Crescimento'

quinta-feira, 8 de abril de 2010

A casinha de vidro


Como diz a música to Toquinho, “era uma casa muito engraçada, não tinha teto, não tinha nada...”.

Assim era a casa que eu morava. Próximo ao mar, com uma vista maravilhosa, cercada por todos os lados por pedras que há séculos eram banhadas pelas ondas do mar que insistentemente tentavam em vão ultrapassar os limites naturais impostos pelo Criador.

A sensação de não ter teto nem ter nada vinha do fato dela ser feita toda de vidro. Uma construção impressionante, que por simplesmente existir deixava o mais incrédulo dos homens começando a crer que aquilo não poderia ser obra feita por mãos humanas.

Ao passar pela porta da casa algo mágico acontecia, mas creio ser difícil explicar: A sensação que se tinha era a de que a casa ou diminuía de tamanho, ajustando-se a você e a quem mais estivesse dentro gerando uma sensação de proteção e conforto ou todo mundo que entrava nela crescia em tamanho, fazendo com que os espaços vazios fossem preenchidos por nossa presença, mas sem a sensação de claustrofobia que um fato insólito como este poderia criar.

Pelo fato de ser toda de vidro (digo vidro por não ser capaz de definir aquele material com a palavra apropriada), de lá de dentro tinha a visão privilegiada de tudo o que acontecia no mar. A natureza transbordava sua beleza diante de meus olhos a cada momento, e vivia em perfeita paz e harmonia com a Criação.

Um dia, porém, estava lá sem fazer nada quando subitamente ouvi um vento muito forte. Olhei para o céu e o mesmo estava escurecendo rapidamente. Pessoas gritavam nas proximidades e corriam desesperadamente em direção contrária, como que fugindo de algo assustador. Senti um frio na espinha.

Por instinto, desviei meu olhar das pessoas em pânico e olhei para os lados das franjas do mar tentando descobrir de quem eles fugiam em desespero. Qual foi meu pavor ao ver que o mar encapelara-se como um gigante, despencando dos céus em grande fúria, numa velocidade espantosa. Minha casa de vidro seria engolida, bem como tudo que estava ao redor.

Aquela proteção natural das rochas se tornara insignificante perante ele, descendo com toda sua sede de destruição. Como a casa estava ajustada ao meu tamanho, tive tempo apenas de gritar “meu Deus!” e instintivamente me deitei, costas no chão e pés para cima, apoiando o telhado de vidro.

As águas despencaram sobre a casa. Na verdade tudo ao meu redor foi engolido pela fúria do gigante Ulmo*, que por alguma razão agia como que se estivesse buscando vingança contra algum inimigo que desconhecia até então. Senti o impacto das águas no vidro que se encontrava em meus pés. Flexionei as pernas e recebi forças suficientes para agüentar a tentativa de saque que a natureza estava tentando fazer.

Ao baixar as águas encontrava-me ainda ofegante e assustado. Demorou poucos segundos, mas foi como se o relógio tivesse parado e aqueles segundos tivessem sido eternizados.

Olhei ao redor e ainda pude ver o monstro retrocedendo, arrastando casas, árvores, vidas. Os gritos cessaram. Olhei ao céu e vi que o mesmo clareara novamente. Após muito receio, decidi abrir a porta e sair. Vi pessoas amadas ainda lutando desesperadamente, agarradas aos últimos fiapos de esperança. Resgatei uma, parecia alguém muito amado, mas não reconheci seu rosto.

Outros que tinham casas como a minha saíram também, e pude ver minha amada saindo e correndo até as pedras para ver melhor o retorno de Ulmo até seu reino. Corri até ela e a puxei de volta, repreendendo-a severamente. Num momento desses não devemos nos expor ao risco desnecessariamente, pois nada na verdade dizia que a fome do gigante estava plenamente saciada.

Sua sede por um juízo e acerto de contas com a humanidade poderia não ter sido concretizada. Em respeito ao inimigo ela me entendeu e passou a ser mais cautelosa desde então.

Sobrevivemos a este primeiro ataque, mas nada garantia que aquilo não votasse a acontecer. Nosso reino não era mais seguro como antes. O encanto parecia haver acabado. Mesmo com tudo belo ao nosso redor, sentíamos que éramos vigiados pelo monstro, que a qualquer momento de descuido poderia voltar. E ele voltou.

Desta vez porém, uma janela da casa estava aberta. Ele veio engolindo tudo e tive tempo apenas de fechá-la, tendo já muita água por todos os lados. Mesmo assim consegui interromper o processo. Não foi por minha força, nem muito menos merecimento. Na verdade merecia ter sido engolido desta vez por não estar vigilante.

A Graça me tocou. Arranhado moralmente pelo descuido mas salvo mera e exclusivamente pela infinita misericórdia do Senhor.

Tem sido assim...

Este é um sonho que freqüentemente tenho, ora eu estou blindado, ora pego de calças curtas, mas sempre conseguindo manter minha casinha de vidro em pé. Muitos outros somem, alguns morrem, mas os que estão dentro de suas casinhas de vidro conseguem permanecer vivos.

Este sonho frequente me alerta para muitas coisas. Tirem suas conclusões...

*A respeito de Ulmo, ele é utilizado em meu relato apenas por ser o senhor das águas na mitologia criada por Tolkien (autor de - entre outros - a trilogia de "O Senhor dos Anéis"). Ulmo na verdade é amigo dos Elfos, anões e homens. Faz justiça apenas contra os inimigos do bem, digamos assim. Abaixo um breve resumo, estraído do site Wikipédia, a enciclopédia livre:

Ulmo, nas obras de Tolkien, era o vala das águas, defendia a liberdade de elfos, único dos Valar que não se casou. Ajudou na construção de Gondolin e mandou notícias de sua queda. Raramente saía do mar, tinha três servos que o ajudavam com as ondas do mar: Ossë, Uinen, e Salmar.

Trecho de "O Silmarillion"

“Ulmo é o Senhor das Águas. Ele vive só. Não mora em lugar algum por muito tempo, mas se movimenta à vontade em todas as águas profundas da Terra ou debaixo dela. Seu poder só é inferior ao de Manwë; e, antes da criação de Valinor, era seu melhor amigo. [...] não gosta de caminhar sobre a terra e raramente se dispõe a se apresentar num corpo, como fazem seus pares. Quando os Filhos de Eru o avistavam, eram dominados por intenso pavor; pois a chegada do Rei dos Mares era terrível, como uma onda que se agiganta e avança sobre a terra, com elmo escuro e crista de espuma, e cota de malha cintilando do prateado a matizes do verde. As trompas de Manwë são estridentes, mas a voz de Ulmo é profunda, como as profundezas do oceano que só ele viu. [...] Ulmo ama elfos e homens e nunca os abandonou, [...] subindo por braços de mar para aí criar música com suas grandes trompas, as Ulumúri, que são feitas de concha branca pelo maia Salmar; e aqueles que a escutam, passam a ouvi-la para sempre em seu coração, e o anseio pelo mar nunca mais os abandona.”

segunda-feira, 5 de abril de 2010

A luta pela alma de um amigo iludido...


Reproduzo abaixo o email que enviei hoje pela manhã a um grande amigo e irmão em Cristo, envolvido comigo na evangelização de um vizinho de prédio que crê em tudo, menos na verdade. Peço que vocês orem por ele por favor...


Bom dia meu querido!

Senta que lá vem história!!!

Depois que vocês entraram ontem continuei conversando com nosso amigo...

Ele veio com aquele “outro evangelho” que ele criou e pude ver que – não sei como – ele teve contato com os livros apócrifos da Bíblia, aquele que não são considerados canônicos. Foi a única explicação “teológica” para tanta merda que ele fala...

Disse a ele que aqueles “milagres” e “passagens” da vida de “Gizuiz” (é assim que costumamos chamar este outro Jesus) eram baseados em livros que não eram considerados inspirados pelo Espírito Santo, livros que falavam coisas que iam contra a personalidade do Senhor, ou livros que eram baseados em narrativas que não encontravam respaldo de outros escritores da época. Este foi o critério utilizado para que tivéssemos os atuais 66 capítulos na nossa Bíblia.

Falei a ele que antes de me converter eu li um apócrifo: “O Evangelho Segundo Tomé”, o qual – entre outras abobrinhas e heresias – dizia que “Gizuiz” costumava fazer passarinhos de barro e assoprar para que eles ganhassem vida.

O queixo dele caiu! Ele perguntou: “Sério, existe algo escrito falando disso”? Ao que eu respondi “Sim, existe, mas o problema é a fonte. Esta é a razão de não ser considerado fato verídico na vida de Jesus”.

Pela primeira vez ele começou a ceder. Na verdade já notamos que ele não aceita ser contrariado e aí está o “segredo de Tostines” da questão: Você tem que entrar no mundo paralelo que ele vive e criar certo sincretismo, traçando paralelos entre o que ele crê ser “verdade canônica” (passei a falar pra ele “o evangelho segundo Cleber”, rsrs) com as Escrituras Sagradas.

Deus deu graça e consegui tomar as rédeas da conversa. Consegui tomar uma linha de raciocínio que prendeu a atenção dele, principalmente quando dei como exemplo sua própria vida. Disse que se viesse alguém dizendo que ele, antes de o conhecermos pessoalmente, tinha vivido uma vida de promiscuidade a ponto de ter mantido até relações homossexuais, teria que provar com testemunhas oculares do fato, caso contrário, mesmo que esta pessoa publicasse livros falando da vida passada dele, isso não seria prova suficiente de que aquilo realmente teria acontecido. Caso contrário, aquilo seria apenas fofoca para difamar sua pessoa.

Teríamos também que analisar todo o contexto de sua vida para ver se aquele comportamento ia de encontro com o que conhecíamos dele. Ele se calou...

Consegui também fazer com que ele ao menos me ouvisse por três minutos quanto a vida sem pecado de Jesus. Falei que o Jesus da Bíblia viveu uma vida irrepreensível, sendo esta a razão da morte não ter conseguido mantê-lo no túmulo. Muito do que ele crê está ligado a doutrina dos mórmons, que ensina que Cristo e o Diabo são irmãos e também que Ele era casado e polígamo. “Mandei” ele jogar fora aquele maldito Livro de Mórmon que ele ganhou anos atrás e que trouxe tamanha confusão e doutrina de demônios à mente dele.

Disse que aquele argumento que ele usa para dizer que Jesus blasfemou na Cruz usando “mal e porcamente” uma das últimas palavras que Jesus falou (Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?Mateus 27:46) não era por que Ele tinha perdido a fé em Deus Pai. Pelo contrário, além de fazer menção ao Salmo 22:1, diz-se na TRADIÇÃO que no momento que Jesus agonizava na Cruz, carregando os pecados de TODA a humanidade (fato esse que foi meio difícil de fazer ele entender, pois quando usei o exemplo “de você até Hitler” ele entrou em curto circuito.. rsrs,) Deus Pai simplesmente não agüentou olhar para seu Filho puro e sem pecado e Jesus se sentiu só.

Deixei claro que isso se diz na TRADIÇÃO, e ele rebateu dizendo que – por se tratar de tradição - não poderia ser considerado verdade. Era tudo o que precisava ouvir e dei cheque-mate:

“É EXATAMENTE ISSO QUE TEMOS TENTADO TE FALAR! QUEM DISSE QUE O QUE VOCÊ OUVE E ACREDITA COMO SENDO VERDADE TEM ALGUMA BASE SE NÃO ESTIVER SIDO PASSADA PELO CRIVO DA AUTENTICIDADE?”


Bem, rolaram mais alguns pequenos ajustes, mas tenho certeza que depois de ontem algo mais entrou na cabeça e no coração dele.

Vamos continuar orando, pois a vida dele é muito preciosa para Deus e para nós!

Um grande abraço e vê se consegue achar a proteção de terno para eu lavar amanhã para São Paulo!

domingo, 4 de abril de 2010

Tudo o que tenho...


Tudo o que tenho é uma guitarra vermelha, três acordes e a verdade.

Esta frase diz-se que é do Bono Vox, vocalista do U2, um dos homens mais engajados com o verdadeiro cristianismo que conheço.

Digo verdadeiro cristianismo pois Bono não é um rato de igreja. Devido ao sucesso estrondoso do U2, Bono tem livre acesso a todos os círculos sociais, desde o Papa (a maioria dos "evangélicos" simplesmente abominam esta idéia) até os líderes das grandes potências como Estados Unidos, ONU & Cia, utilizando este acesso mais sabiamente que a imensa maioria dos cristãos que possuem algum tipo de influência na sociedade.

Campanhas como a do Jubileu, pregando o perdão das dívidas dos países mais pobres, atacam na raiz o mal que a sociedade vive, trazendo alívio e perpectivas de crescimento e justiça social.

Anyway, este não é o foco do que quero falar. Meu foco é a frase e seu significado para mim.

"Tudo o que tenho é uma guitarra vermelha...": Tenho poucas coisas em mãos para exercer meu ministério. Poucas coisas onde posso me apoiar. Com esta guitarra vermelha porém, consigo abrir portas para ser ouvido. Ela significa meu trabalho, a ferramenta para exercer meu trabalho.

Meu ministério alicerça-se neste pouco que tenho em mãos. Este pouco entretanto procuro usar para a glória do Reino de Deus. Circulo no meio considerado secular com ela em mãos, e muitos a vêem e pedem para que eu toque um pouco para eles. Isso me leva ao segundo ponto:

"...três acordes"
: Três acordes é tudo o que sei tocar com minha guitarra. Como os Ramones porém, faço muito barulho com estes acordes. É a base do rock & roll. Consigo colocar todo mundo para dançar sem necessariamente ser um exímio músico. Trago a "diversão" que todos querem ter. Faço-me ouvir com esta guitarra vermelha e meus três acordes. Mas o que canto ao tocar para quem me ouve?

"...E A VERDADE".

Aí que está o segredo do meu ministério. Três simples acordes em minha guitarra velha servem de base para que eu abra minha boca e fale a verdade que todos precisam ouvir.

Faço isso do meu jeito, sempre sendo muito criticado. Entre um gole ou outro de vinho ou cerveja, no meio de publicanos e pecadores, abro minha Bíblia - gravada em meu coração - e ajo como profeta de Deus.

Não profetizo o que hoje os profetas da prosperidade o fazem. Profetizo como os antigos profetas, denunciando o pecado, pois Deus fez minha cerviz dura como o ferro. Abro portas onde elas não existem, rompo grilhões, sou muitas vezes odiado e mal visto (como sei que com este texto o serei por alguns filisteus incircuncisos), mas...

mas...

PREGO A VERDADE.


É isso. Estou escrevendo isso pois diante de mim há uma porta se abrindo. Algo que já vi acontecer com outras pessoas, já li a respeito, ouvi testemunhos.

Só tem um detalhe: Não estou à venda. A base de minha vida e meu ministério está nesta guitarrazinha velha e surrada, meus três acordes e a Verdade. Nada me corremperá, pois até aqui me ajudou o Senhor.

Se for para ser será. E quero voltar aqui para continuar este assunto, quando o que tiver que acontecer aconteça.

Como diria o Ricardo Gondim:

SOLI DEO GLORIA!

quinta-feira, 1 de abril de 2010

1º de Abril: O aniversário da filha do Diabo


“ORA, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que o Senhor Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim? E disse a mulher à serpente: Do fruto das árvores do jardim comeremos, Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis para que não morrais. Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal. E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela. Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais. E ouviram a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim pela viração do dia; e esconderam-se Adão e sua mulher da presença do Senhor Deus, entre as árvores do jardim. E chamou o Senhor Deus a Adão, e disse-lhe: Onde estás? E ele disse: Ouvi a tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me. E Deus disse: Quem te mostrou que estavas nu? Comeste tu da árvore de que te ordenei que não comesses? Então disse Adão: A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi. E disse o Senhor Deus à mulher: Por que fizeste isto? E disse a mulher: A SERPENTE ME ENGANOU, E EU COMI”.Genesis 3:1-13


1º DE ABRIL
é um dia que normalmente você ouve das mais engraçadas às mais sérias mentiras. Todo mundo vem com um causo, uma historinha, uma pegadinha, se divertindo com o fato de estarem enganando as pessoas com suas astúcias.

Considero este dia como o aniversário da filha do Diabo, pois como foi falado por Jesus no Evangelho de João, capítulo 8, verso 44:

VÓS TENDES POR PAI AO DIABO, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, PORQUE É MENTIROSO E PAI DA MENTIRA.

O Diabo não apenas é o mentiroso e pai da mentira, mas também todos aqueles que deliberadamente praticam a mentira se filiam ao Diabo. Passam a ser submissos ao inimigo de nossas vidas, dão legalidade a ele para que ele possa cirandar nossas vidas.

Na verdade o Diabo começou a gerar a mentira dentro de si antes da queda. Em Isaías 14:13-14 está escrito o que se passava no interior de Lúcifer:

“E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte. Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo...”

Dentro de si ele passou a crer que poderia ser semelhante ao Altíssimo, e esta foi a primeira mentira que ele ao mesmo criou e creu. Só que a conseqüência veio logo em seguida, conforme lemos nos versículos 15 a 20 do mesmo capítulo:

“...E contudo levado serás ao inferno, ao mais profundo do abismo. Os que te virem te contemplarão, considerar-te-ão, e dirão: É este o homem que fazia estremecer a terra e que fazia tremer os reinos? Que punha o mundo como o deserto, e assolava as suas cidades? Que não abria a casa de seus cativos? Todos os reis das nações, todos eles, jazem com honra, cada um na sua morada. Porém tu és lançado da tua sepultura, como um renovo abominável, como as vestes dos que foram mortos atravessados à espada, como os que descem ao covil de pedras, como um cadáver pisado. Com eles não te reunirás na sepultura; porque destruíste a tua terra e mataste o teu povo; a descendência dos malignos não será jamais nomeada”.

Rastejando como uma serpente, lá veio a mentira em doces palavras ditas no Jardim do Éden ao primeiro casal, como está escrito no início deste texto. A conseqüência disso tudo é que hoje, mais do que nunca, devemos estar ao lado do Senhor, trilhando os caminhos apontados por Ele, em João 14:6:

“Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e A VERDADE e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim”.

Fora deste Caminho fica o alerta de Apocalipse 21: 8 e 22:15:

“Mas, quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos fornicários, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte”.

Ficarão de fora os cães e os feiticeiros, e os que se prostituem, e os homicidas, e os idólatras, e qualquer que ama e comete a mentira”.

Não há como brincar com a mentira, pense nisso.